A violência relacionada com a aprendizagem por habituação
A aprendizagem por habituação consiste na naturalização de um estímulo que, pela sua frequência, leva o organismo a reconhecê-lo como familiar e, consequentemente, a ignorá-lo. Esta aprendizagem é um tipo de aprendizagem não associativa extremamente simples, visto que apenas exige a exposição a um estímulo de modo repetitivo. Ou seja, habituamo-nos a um determinado fenómeno ou estímulo que, por possuir menor relevância para nós, deixa de provocar a nossa atenção. No fundo, aprendemos a não reagir àquilo que não nos interessa. Este tipo de aprendizagem é aplicável a múltiplas experiências na nossa vida - incluindo a reação a notícias da guerra e à violência.
Por exemplo, no início de 2022, as forças russas invadiram um país soberano, todos ficámos chocados, apreensivos e tememos pelo povo ucraniano, pela Europa e pelo tempo em que vivemos.
Desde então, assistimos a uma sucessão de acontecimentos, que estão constantemente a ser reportados, dando origem a inúmeras notícias, e regulares atualizações na internet. Assim sendo, a exposição contínua à sequência de estímulos que caracteriza a cobertura da guerra gera uma elevada ativação emocional e pode interferir com o pensamento do ser humano e funcionamento no dia a dia, motivo pelo qual se torna essencial gerir essa exposição, no quadro da promoção do autocuidado. Mas, para além de corresponder somente a uma estratégia de autocuidado, ter atenção à exposição a uma sequência contínua de estímulos daquela natureza que pode levar a habituação. Na prática, a certa altura, as imagens e relatos que chegam têm menor impacto em nós e isso poderá ter consequências.
Sabe-se ainda que acontecimentos extremos, como é o caso da guerra, fazem com que o ser humano esteja mais atento à informação e a todo o tipo de dados que são veiculados sobre os mesmos. O problema é que é pouco provável que esse padrão se mantenha indefinidamente ou seja sustentável. Com o tempo, é previsível a instalação de um sentimento de saturação ou de fadiga - nem que seja pelo sentimento de impotência de quem se encontra a milhares de quilómetros ou pela necessidade de dar resposta a outros acontecimentos da vida.
É importante que não desvaneçam o nosso interesse e a nossa indignação com tudo o que se está a passar, nem o nosso envolvimento para ajudar no que for possível - nem que seja num donativo ou apoio circunstanciado, mas muito útil a quem precisa.
WEBGRAFIA:
Manual 12º ano Psicologia B - “IDentidade”
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